Case: A gestão social em suporte à implantação de empreendimentos imobiliários

Este case trata de diagnósticos socioterritoriais realizados pela Bridge Gestão Social para empresas atuantes no mercado imobiliário. Os estudos buscaram coletar informações que dessem às empresas melhor conhecimento acerca dos territórios onde estavam em vias de empreender. Assim, além das características locais, buscava-se mapear as especificidades das comunidades, suas fragilidades e potencialidades, além de capturar a percepção dos entrevistados sobre empreendimentos imobiliários. 


Diagnósticos socioterritoriais são fundamentais para ajustar o foco dos empreendimentos tornando-os mais convergentes à realidade do território. São primordiais em setores que precisam atender requisitos para obtenção do licenciamento e condicionantes específicas vinculadas aos impactos socioambientais ocasionados. É que tais estudos permitem antever potenciais riscos socioambientais favorecendo a adoção de estratégias preventivas e/ou mitigadoras em consonância com demandas sociais vigentes ou latentes. 


Num contexto de crescente vocalização das comunidades em relação a empreendimentos com potencial para alterar os modos de vida locais, não são raros os casos em que as práticas empresariais dissonantes acabam por favorecer paralisações de obras e suspensão de licenças ambientais. São iniciativas que, no caso, não favorecem a conquista da Licença Social para Operar. A pesquisa de diagnóstico é um meio de entender e acolher de forma respeitosa as especificidades locais para endereçar questões críticas, construir relacionamento com o território e prevenir potenciais riscos, por meio de uma gestão social adequada. 


Nas experiências da Bridge, o trabalho aconteceu em paralelo a um processo de letramento junto a um setor que apresenta menor familiaridade com expressões como “riscos sociais” e “gestão social”. E mesmo a percepção dos empreendedores acerca do impacto nos modos de vida local parece não lhes ser tangível. Ajustar o olhar de áreas técnicas em setores como o de empreendimentos imobiliários para a necessidade e importância de realizar uma gestão social e construir relacionamento de forma genuína e respeitosa converge diretamente com os princípios do ESG (Environmental, Social and Governance) e os Objetivos do Desenvolvimento Sustentável (ODS), direcionadores para uma atuação responsável. 

Contexto

Uma de nossas experiências envolveu uma construtora focada em empreendimentos de luxo, não apenas nos centros urbanos mas também em áreas de alto valor ambiental e turístico como era o caso. O projeto em questão, situado no nordeste brasileiro, tinha sua implantação iniciada em Área de Proteção Ambiental (APA), cercado de um ecossistema que inclui Mata Atlântica, restinga, várzea, manguezais e recifes. A construção ocuparia cerca de 75 mil metros quadrados. 

Enfrentando resistências, era objetivo do empreendedor identificar saídas, soluções que favorecessem a aceitação do empreendimento. Já era prática da empresa trabalhar em parceria com as comunidades locais para criar relacionamento. Contudo, as investidas não eram suficientes e ganhavam um ar de pessoalidade, já que lideradas pelo proprietário da empresa que, assim, ficava por demais exposto naquela comunidade. Era comum que as decisões de investimento social fossem enviesadas, não atendendo às reais necessidades locais porque tomadas a partir da perspectiva do empreendedor. Assim, não encontravam eco nas comunidades; ao contrário, muitas vezes geravam maior resistência.



Em um segundo caso, fomos contratadas por uma empresa de desenvolvimento imobiliário que manifestava compromisso com a sustentabilidade e o desenvolvimento regional equilibrados com o crescimento econômico e a preservação ambiental. A iniciativa imobiliária pretendida visava uma área inicial de 1 milhão de metros quadrados contemplando as duas primeiras glebas por meio das quais buscava-se alcançar 20 mil pessoas, futuras moradoras do lugar. As áreas verdes existentes na fazenda eram consideradas um ativo do empreendimento e, também, das comunidades vizinhas que sempre usufruíram do espaço. 

Metodologia

A Bridge desenvolveu ambos os trabalhos a partir de um processo profundo de escuta e mapeamento de stakeholders, essenciais para captar as percepções, expectativas e preocupações presentes nas comunidades. A partir disso, foi traçado um plano de trabalho para orientar as ações das empresas no curto, médio e longo prazos.


Nestes casos, é comum que consigamos acessar as demandas locais que possam ser atendidas ou apoiadas pelo empreendedor, de modo que o empreendimento não seja percebido como uma “ilha” mas um vizinho em conexão com a comunidade. 



Com a metodologia empregada pela Bridge, também são reveladas as preocupações das comunidades, as percepções sobre o empreendimento e os aspectos de valor que nutrem a conexão das pessoas com o lugar. Estes achados é que orientam a estruturação do plano de trabalho que favoreça a construção da ponte entre empresa e comunidade, auxiliando na redução de mitos e boatos e propondo ajustes de rota no projeto. 

Resultados alcançados

O desafio da Bridge era mapear aspectos necessários para a aproximação do empreendimento às comunidades, encontrando meios para reduzir impactos negativos e potencializar os positivos. Encontrar caminhos para ampliar o efeito indutor do desenvolvimento proporcionado pela chegada das empresas, agregando valor ao território, é sempre um resultado que nos move – quebrando posturas assistencialistas e ampliando o protagonismo das comunidades.


Os temas críticos colhidos e as percepções das comunidades são legitimados e servem como balizadores para tomadas de decisão dos empreendimentos. Medidas de aproximação e fortalecimento das relações com stakeholders, sejam elas pontuais ou contínuas, são estruturadas com base nas realidades de cada lugar. O compartilhamento constante de informações sobre o empreendimento ocupa lugar de destaque a fim de dirimir riscos e boatos. Apostando na via de mão dupla, a permanente escuta de anseios e receios das comunidades vizinhas é basilar para monitorar possíveis tensionamentos e construir espaços para diálogo.


Confirmamos com isso que a Gestão Social não é custo, é investimento. Contudo, e pese ao tempo de amadurecimento das iniciativas - celebra-se a implantação de ações propostas rumo à construção de relacionamento, abertura para diálogo, reconhecimento dos impactos na dinâmica de vida local e esforços para mitigá-los em respeito ao território. 

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