Comunicação Não-Violenta nas empresas: como aplicar a CNV para fazer bons discursos institucionais

Se a comunicação é inerente ao ser humano, imagina sua importância para as organizações?

Muitas são as formas de se estruturar a comunicação organizacional e todas elas reunidas constituem o “discurso institucional”.

Mas, permitam-se um certo grau de abstração em relação ao discurso como uma comunicação verbal e direta, e imaginemos que, ao invés da palavra, nós usássemos outra linguagem, a da imagem fotográfica.

Roland Barthes, um sociólogo francês, em seu livro “A Câmera Clara”, versa sobre as diferenças entre o que as pessoas veem e o que o fotógrafo mostra.  Se sua companhia fosse uma pessoa, e essa pessoa quisesse transmitir algo somente por uma fotografia, teríamos o seguinte:

  • a imagem que quero transmitir
  • a imagem que consigo transmitir
  • a minha interpretação da imagem
  • o que as pessoas vão entender quando virem essa imagem

Sem ir mais longe no paralelismo, suponhamos que essa foto é seu discurso. O que você quer dizer? O que você consegue comunicar? O que você acha que efetivamente comunicou e o que as pessoas finalmente entenderam?

Assim  como essa hipotética foto de um problema a ser resolvido deveria ser pensada até seus mínimos detalhes para maximizar as chances de transmitir exatamente o que se pretende que as pessoas entendam, seu discurso deve ser preparado com igual clareza de propósito. 

Segundo estudiosos dos discursos, os oradores que se expressam de forma desorganizada são menos lembrados pelo público. Pior ainda: oradores desorganizados – e despreparados – têm menos chances de persuadir suas plateias e são vistos como pouco críveis.

Mas antes, vale ressaltar: a plateia não tem como saber o que passa pela cabeça de sua empresa, a não ser quando escuta, lê ou vê o que vocês querem comunicar. Por isso, o que você disser nos minutos em que estiver em contato com as pessoas representando uma organização é o retrato que o público vai levar para suas casas. 

Já tendo falado da semiótica da linguagem fotográfica, da necessidade imperativa de criar discursos organizados e claros, podemos dar o salto para os ensinamentos que você pode empregar em seus discursos daqui por diante por meio da Comunicação Não-Violenta. 

Siga conosco e entenda melhor como aplicar a Comunicação Não-Violenta nas empresas.

1º) Observação

Se afaste dos julgamentos e evite as generalizações. Atente-se aos fatos do que compõe a sua mensagem principal.

Neste ponto, seu discurso deve transmitir, com clareza e honestidade, a situação que está sendo percebida. Ela pode ser positiva ou negativa, no que se refere à natureza do que for narrado. 

Aqui, é importante distinguir entre julgamento e o que se observa na realidade daquele momento: trata-se de observar o que está lá, digamos. Narra-se o fato, não há certo ou errado. 

Também é importante não relacionar o assunto principal com outras situações passadas ou não relacionadas, evitar generalizações e usar diretamente a primeira pessoa do singular (Eu) que, neste caso, é a empresa que você representa.

2º) Sentimentos

Tente nomear os sentimentos ou as sensações que podem surgir nos receptores da sua mensagem a partir de sua abordagem e do que você conhece da realidade das pessoas envolvidas. Organize-se para gerar nas pessoas o sentimento desejado, o mais compatível com a realidade vivenciada.  

Veja bem: observe também os seus sentimentos. Caso não os reconheça, você pode se perder em medos e inseguranças, adotando posturas defensivas que não facilitarão o diálogo. 

Evite, no entanto, manifestar seus próprios sentimentos caso haja tensão no ambiente. É claro que, colocar-se a partir de um lugar de vulnerabilidade e falar de si mesmo sempre favorece na criação de conexão. Mas isso precisa ser genuíno, você precisa estar realmente à vontade para fazê-lo; do contrário, enquanto representante de uma organização e num ambiente mais hostil, isso poderá criar ruídos na comunicação pois sua atitude pode soar como manipuladora. 

3º) Necessidades

As suas demandas estão claras para você? Há propósitos bem definidos em sua ação?

Se o discurso estiver atrelado a uma ação ou demandar uma atitude dos receptores, pense nisso. Quais são as motivações importantes por trás da sua mensagem? Elas devem ser claramente nomeadas.

Da mesma forma, pergunte-se sobre quais as necessidades que guiam o comportamento e escolhas de seu público. O que eles buscam atender? Que proteções estão buscando e para quem? Nesta perspectiva, pouco importa se a motivação é política, social, econômica, ambiental, de projeção, de reconhecimento, de status. Os nossos comportamentos atendem a um largo espectro de necessidades em campos distintos (aliás, como já tratado por Maslow nos anos 50) e todas elas são legítimas, ainda que lhe desagradem. 

Todo e qualquer indivíduo tem valores e necessidades que tornam suas vidas mais plenas e satisfatórias. Quando conseguimos o que precisamos, evitamos a frustração. Mas o contrário também é verdade: ter as necessidades não reconhecidas ou não atendidas cria grandes dificuldades para o diálogo.

Por isso, a empatia é tão importante na prática da Comunicação Não-Violenta. Ainda que não tenhamos recursos suficientes para nos colocarmos no real lugar do outro pois não conhecemos suas dores e histórias, compreender o outro deve ser um exercício permanente. 

4º) Pedidos

O que precisa ser feito para aumentar as chances de que as necessidades (do grupo, as suas ou da organização que você representa) sejam atendidas? Ou que a decisão de não atender a um pedido não seja destruidora de relações?

Expor pedidos de forma objetiva, clara e, melhor ainda, tangível é outra orientação valiosa que a CNV nos traz. É bem comum que o representante de uma organização receba várias demandas e solicitações no decorrer das interações. Neste caso, é importante zelar pela elaboração da solicitação, queixa ou reclamação com clareza de ideias, buscando-se os detalhes e as informações que sejam necessários ao melhor entendimento do que se está demandando. 

Quando aprendemos a solicitar ações concretas definindo bem as necessidades,  podemos construir alternativas para que as necessidades de todos sejam atendidas.

Discursos e posturas organizacionais tem tudo a ver com posicionamento de Comunicação. 

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